o pião

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não é bem que não gostasse, eram de papelão. para quê uma imitação de bébé se não se pode lavá-lo e dar-lhe leite sem que se estrague de vez e a voz da mãe suba no ralho costumeiro?
tinha os bolsos cheios de pedras e berlindes. de esferas de ferro que o pai trazia da fábrica de pulir mármore quando uma máquina se avariava.
as esferas eram o seu orgulho, ninguém mais tinha. conseguia trocar duas por um abafador.
a correr e a saltar à corda ninguém a apanhava de entre raparigas e rapazes.
- nem parece uma menina. tem o diabo no corpo, a rapariga!
tinha pois. se calhar ainda tem. o diabo faz parte da mesma criação, seja ela qual for.
tinha pois.
viver era na rua.
em casa era o enfado de ajudar a limpar um pó que nem chegava a poisar nos móveis e tirar o fio ao feijão verde.
- olha que levas o feijão todo atrás...
- não sei fazer como a mãe.
- a tua irmã já sabe. não é muito mais velha e aprendeu.
e ela com isso?
- despacha-te. o pai chega e ainda o feijão não está ao lume.
deve ter sido por esse tempo que tomou a séria decisão de nunca se casar.
com o tempo esqueceu-a. acontece.
o que nunca esqueceu foi uma dúvida que desde então lhe ficou:
- porque é que eu deixo cair o cordel do pião e ele não gira?
5 passos
:-))))
Mais uma história real que me prendeu:) beijos
Brincadeiras, que me fizeram reviver a minha infância, que foi muito feliz...
Li alguns Posts deste Blog e gostei.
Prometo voltar para ler mais.
Um abraço :-)
http://eternamentemenina.blogs.sapo.pt/
Maria rapaz... :)) Beijinhos
Beijinhos.
:)))
Voltem sempre.
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