palavras molhadas
hoje targo palavras encharcadas de chuva e lágrimas que já não me caiem por pudor, por inutilidade.
que bom, chove! a chuva é como o sol quando vem é para todos. mas será mesmo assim?
o homem da arcada da misericórdia ao pé da paragem do autocarro, perto da minha casa, pensará assim? ainda pensará sequer se a chuva faz falta ou não?
não acredito.
é velho. mais velho que eu. idade exacta indecifrável no olhar opaco, de uma tristeza só.
aquela arcada! quem sabe virá a ser o meu abrigo na reforma de miséria que me aguarda, no fim?
ele tem filhos. foi emigrante. trouxe dinheiro. chegou e repartiu. asneira grossa, agora já não tem - ninguém o quer. vive entre o hospital e a arcada. dos filhos já nem fala.
vive apoiado à bengala, única amiga. esta noite desde que começou a chuva levantou-se da lage, que o chão estava mais molhado que a água que caía.
triste, triste.
passam os carros das gentes protegidas. partem os autocarros de quem tem ainda dinheiro para tecto e passe. ele fica. até quando? - até morrer.
a chuva quando vem é para todos? concerteza. mas mais para uns que para outros, afirmo eu.
que bom, chove! a chuva é como o sol quando vem é para todos. mas será mesmo assim?
o homem da arcada da misericórdia ao pé da paragem do autocarro, perto da minha casa, pensará assim? ainda pensará sequer se a chuva faz falta ou não?
não acredito.
é velho. mais velho que eu. idade exacta indecifrável no olhar opaco, de uma tristeza só.
aquela arcada! quem sabe virá a ser o meu abrigo na reforma de miséria que me aguarda, no fim?
ele tem filhos. foi emigrante. trouxe dinheiro. chegou e repartiu. asneira grossa, agora já não tem - ninguém o quer. vive entre o hospital e a arcada. dos filhos já nem fala.
vive apoiado à bengala, única amiga. esta noite desde que começou a chuva levantou-se da lage, que o chão estava mais molhado que a água que caía.
triste, triste.
passam os carros das gentes protegidas. partem os autocarros de quem tem ainda dinheiro para tecto e passe. ele fica. até quando? - até morrer.
a chuva quando vem é para todos? concerteza. mas mais para uns que para outros, afirmo eu.
3 passos
A chuva é para todos, não só para uns.
Lá por estar completamente só velho tens consciência sim que a chuva é útil.
Á muitas maneiras de estar só e velho mas digo-te que a chuva quando cai é para todos.
Beijos cheios de chuva
pois é, quando cai é para todos mas neste caso até pode ser em demasia para o velhinho, dadas as condições precárias em que se encontra, ele desejaria que fosse sol a brilhar para ele como para tantos outros.infelizmente não assim.
retratas muito bem esse grave problema
que parece não ter fim à vista.
bjks madalena
:)
Que é pra todos, isso é! - a percepção é que pode mudar, de acordo com uma série de variáveis... o que não torna menos oportuno o texto.
Um abraço fraterno.
Enviar um comentário
<< Home