23 maio 2005

no dia da taça não vou deixar

que a vozeria do bairro

me entre pela janela.

desatine a cadela

me esfrangalhe os ouvidos

me desperte os sentidos



in

para a semana não deixo não

que os dois clubes são meus.

um é o velhinho, do coração

o outro tem na águia a glória

de asa livre e de história.

amado por este povo de deus.


tão pouco temos já, além da carestia

dos impostos, dos ladrões de gravata

da doce lusitana melancolia

da discussão política barata

por isso, sei que a taça até valia



mas... para a semana não.

fecho-me em casa

ponho auscultadores nos ouvidos

e a cadela no quintal

porque afinal

entre a memória dela

e a vida minha

vai um levezinho voo

de andorinha.