a tempos, esbate-se a nitidez de infância.
que se passa? há um nevoeiro líquido, uma bruma de sonhos inquietos.
são diferentes as corridas e as quedas desse tempo. escorrega-se, resvala-se.
borbulham no entanto as ideias como água de cascata antes de formar lago ou rio mansos.
antes era mais simples tudo.
onde o bem e o mal tão definidos?
o que estava errado chegava sempre pela voz crítica da mãe. o carinho e o apoio pela ternura natural ao pai.
havia ainda infância nas brincadeiras feitas agora contra os professores mal amados.
mas aonde os berlindes e o arco? as corridas de rapazes e ela?
as amigas pareciam tontas, cheias de segredinhos. subiam as saias acima do joelho e passeavam em grupo. era de namorados que falavam.
- vens?
- não me apetece.
não ia nem ficava. vagueava sozinha. se estava só, falava alto. fazia peças de teatro que ninguém escrevera.
- andas a falar sozinha, lena? - as vizinhas, se acaso a encontravam.
- não. tenho uma antena ligada ao salazar. sou espia. ando a contar os grãos de areia da rua para ele saber se não tiram nenhum.
- sempre a responder torto... bem diz a tua mãe...
o óbvio! porque é que não se calavam se não tinham nada para dizer?
estava à beira de qualquer coisa. faltava descobrir de quê?
são diferentes as corridas e as quedas desse tempo. escorrega-se, resvala-se.
borbulham no entanto as ideias como água de cascata antes de formar lago ou rio mansos.
antes era mais simples tudo.
onde o bem e o mal tão definidos?
o que estava errado chegava sempre pela voz crítica da mãe. o carinho e o apoio pela ternura natural ao pai.
havia ainda infância nas brincadeiras feitas agora contra os professores mal amados.
mas aonde os berlindes e o arco? as corridas de rapazes e ela?
as amigas pareciam tontas, cheias de segredinhos. subiam as saias acima do joelho e passeavam em grupo. era de namorados que falavam.
- vens?
- não me apetece.
não ia nem ficava. vagueava sozinha. se estava só, falava alto. fazia peças de teatro que ninguém escrevera.
- andas a falar sozinha, lena? - as vizinhas, se acaso a encontravam.
- não. tenho uma antena ligada ao salazar. sou espia. ando a contar os grãos de areia da rua para ele saber se não tiram nenhum.
- sempre a responder torto... bem diz a tua mãe...
o óbvio! porque é que não se calavam se não tinham nada para dizer?
estava à beira de qualquer coisa. faltava descobrir de quê?
6 passos
gosto de aqui estar. a infância é um planeta estranho. a memória não ultrapassa a velocidade da luz como o tempo exigiria. mas resta a contemplação das estrelas da lembrança. beijinho. J.
:)
Beijinho.
Essa sensação de que “...não ia nem ficava. vagueava sozinha.”, me lembra algo que presenciei, alguém que conheci... O interessante, nesse recordar, o meu, é constatar a universalidade das idéias, as tuas. # Entre o preto e o branco, quantas nuanças, hem? Não é de estranhar que “antes era mais simples tudo”... # “estava à beira de qualquer coisa. faltava descobrir de quê?”, é... às vezes o tempo é mais longo do que gostaríamos, para atinar com as razões... e nem sempre as razões são aquelas que pensávamos, ou julgávamos ter.
:)
Ser descodificada é bom e estranho ao mesmo tempo.
:)
Abraço.
Que descobertas se farão na infância?:) beijos
Cá para mim, Wind, as decisivas vêm da infância. depois é saber desenvolvê-las ao longo da vida.
:)
Bj
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