regresso ao pó
as mãos sempre na terra se podia. era toda a paz que precisava. porquê? dizer não saberia.
nesse experimentar quase ninguém a acompanhava.
- deixa a terra que te sujas toda! nem os rapazes são piores, meu deus! acaba a gente de a lavar e é isto...
ela tentava não ouvir. ia para mais longe onde só sobrava um eco vago dos avisos da mãe. às vezes nem o eco. o silêncio. que bom quando era assim!
um bairro pobre mas novo. casas em construção ainda. sobraram muitas pedras de uma obra. trepou-as, claro, mas viu que algumas esfarelavam ao peso pouco dos seus pés.
sentou-se. estava muito calor. não usava chapéu e tinha a cor no rosto dos ciganos de ar livre.
numa pedra grande viu o que lhe parecia um caracol diferente. ali preso para sempre. decidiu, num acto de posse, libertá-lo.
pegou da calçada uma pedra bicuda e iniciou um trabalho moroso.
tanto bateu, cuidadosa para não partir o precioso achado que nem se apercebeu que a miudagem da rua a rodeava já.
- que é que estás a fazer?
como ela detestava perguntas imbecis!
- estou a pulir isto?
- e pode-se?
- claro. o meu pai é pulidor, não é?
- e depois?
- depois é só passar-lhe cera que ela à noite dá luz.
- juras?
- quem mais jura mais mente. experimenta se quiseres...
conseguiu retirar o fóssil sem partir. as outras desistiram cedo.
in
já mudou de casa até perder o conto e o caracol permanece na estante ao pé dos livros.
- um dia hei-de levar-te comigo, de volta ao pó da terra mãe.
nesse experimentar quase ninguém a acompanhava.
- deixa a terra que te sujas toda! nem os rapazes são piores, meu deus! acaba a gente de a lavar e é isto...
ela tentava não ouvir. ia para mais longe onde só sobrava um eco vago dos avisos da mãe. às vezes nem o eco. o silêncio. que bom quando era assim!
um bairro pobre mas novo. casas em construção ainda. sobraram muitas pedras de uma obra. trepou-as, claro, mas viu que algumas esfarelavam ao peso pouco dos seus pés.
sentou-se. estava muito calor. não usava chapéu e tinha a cor no rosto dos ciganos de ar livre.
numa pedra grande viu o que lhe parecia um caracol diferente. ali preso para sempre. decidiu, num acto de posse, libertá-lo.
pegou da calçada uma pedra bicuda e iniciou um trabalho moroso.
tanto bateu, cuidadosa para não partir o precioso achado que nem se apercebeu que a miudagem da rua a rodeava já.
- que é que estás a fazer?
como ela detestava perguntas imbecis!
- estou a pulir isto?
- e pode-se?
- claro. o meu pai é pulidor, não é?
- e depois?
- depois é só passar-lhe cera que ela à noite dá luz.
- juras?
- quem mais jura mais mente. experimenta se quiseres...
conseguiu retirar o fóssil sem partir. as outras desistiram cedo.
in
já mudou de casa até perder o conto e o caracol permanece na estante ao pé dos livros.
- um dia hei-de levar-te comigo, de volta ao pó da terra mãe.
8 passos
Que ternura:) beijos
O acaso dos caminhos. Passando por outro blog desemboquei neste. Gostei da apresentação, dos textos e imagens. Vou aprofundar a visita e voltar a visitá-lo.Até breve.
http://beja.blogs.sapo.pt
Quem não se importa, quem desesperançou - jamais escreverá com tanto sentimento! Quanto ao "Regresso ao pó", a gente sempre torna. Acreditar ou não nisso, não muda o que é. Muda o que somos, ou julgamos ser. # Parabéns pelo texto: literatura da melhor qualidade, podes crer. # Um abraço fraterno.
Simpática gente! :)
Baptista Filho, não consigo entrar na tua ilha. Tens endereço? queres dar?
Abraço e muito obrigada.
:)
Para "Pés descalços:
Por falta de conhecimento, não tenho blog. Minha filha, Luiza, prontificou-se a me auxiliar nessa tarefa. Mais dia, menos dia... # Tenho alguns poemas no "Jornal de Poesia" http://www.secrel.com.br/jpoesia/JBOliveiraFilho.html
Um abraço fraterno.
Batista Filho, obrigada.
Fico a aguardar o Jornal de Poesia. Se passares por cá avisa Ok?
Abraço.
Adorei o presente, Madalena!
... mas agora é que estou encrencado: minha filha também viu, gostou e não vai largar do meu pé, enquanto o danado do blog não sair!
Obrigado, do fundo da minh'alma.
Um abraço fraterno
BF. Não vai ser só sua filha a não largar do seu pé, ela tem todo o meu apoio. Um beijinho para ela.
Espero o endereço do seu blog. :)
Abraço.
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