gostava de gente mas não tanto assim
parecia que tinha nascido do chão.
mexia na terra. fazia-lhe bem. passava para ela dúvidas e medos. à terra contava todos os segredos.
coisas de menina? também mas não só. ela tinha medos que vinham na noite e não entendia que a acometiam no meio do recato dos cantos escondidos onde se acolhia. e que ninguém mais, nem mãe ou irmã sequer os sabia.
no entanto a terra parecia saber de onde eles vinham para onde eles iam. a terra falava? diria que sim. falava baixinho. era só estender-se encostada ao chão poisar o ouvido e esperar esperar. sabia dos ventos. sabia onde o mar.
mexia na terra. fazia-lhe bem. passava para ela dúvidas e medos. à terra contava todos os segredos.
coisas de menina? também mas não só. ela tinha medos que vinham na noite e não entendia que a acometiam no meio do recato dos cantos escondidos onde se acolhia. e que ninguém mais, nem mãe ou irmã sequer os sabia.
no entanto a terra parecia saber de onde eles vinham para onde eles iam. a terra falava? diria que sim. falava baixinho. era só estender-se encostada ao chão poisar o ouvido e esperar esperar. sabia dos ventos. sabia onde o mar.
ouvia os rebentos subindo para a luz. esperava por eles. via-os espreitar.
a toda a criança é dado esse dom de saber a terra como sabe a mãe.
pior é que a afastam tão cedinho dela que, ao tocar a terra, em vez de correr rebolar sobre ela a criança pensa que se vai sujar. e não poucas vezes começa a chorar.
- não tirem à terra o que dela vem.
a terra dá seiva e é colo também.
5 passos
Que lindinho e verdadeiro:) bjs
Se a terra fala? é claro que fala! assim como tudo que vemos ou não. Às vezes nos falta é ouvidos de ouvir. O vento, que não é monocórdio, quando suave, brisa, fala-nos baixinho; quando forte, vendaval, grita e ruge - e em contato com as árvores, conta-nos segredos do fundo da terra; fala-nos da beleza e do perfume das flores (pensa numa laranjeira florida... pensou?)... e quando as flores se transformam em frutos, com suas sementes de esperanças, fala-nos do milagre da vida, renovação...
Afirmo: numa plantação de milho, de madrugadinha, se não te importares com o orvalho a te molhar, se encostares o ouvido à terra, ouvirás o barulho das tenras folhinhas rompendo a semente, rasgando as entranhas da terra, buscando o sol... lembra o estouro do milho de pipoca numa panela, só que noutro ritmo, bem mais belo.
:) :) :)
Eu tinha a certeza de que você ia entender.
Abraço, Amigo.
Que beleza de imagem
uma vereda na mataria
onde o sol chega suave
iluminando a correria
de uma criança feliz.
Pulando galhos caídos
pedregulhos decolores
entre risos e gemidos
espinhos e flores
crescerá ouvindo o que o vento diz:
- Não tirem à terra o que dela vem.
A terra dá seiva e é colo também.
Ps. Reconheces os dois últimos versos? não vale me processar pelo uso indevido dos mesmos!!
Tu surpreendes-me sempre. Pela positiva!
:)
Muito bonito.
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